Meu relato de passeios em Nova Petrópolis, conhecida como o Jardim da Serra Gaúcha, com belas paisagens, parques tranquilos e muita cultura alemã.
Eu sou simplesmente fascinado pela cultura alemã – tudo o que se refere a músicas, tradições, arquitetura e gastronomia germânica sempre me atraiu desde pequeno. Apesar do sobrenome árabe (por parte de pai), em minhas veias também correm o sangue italiano e austríaco, por parte de mãe. Uma verdadeira salada de DNA, sem dúvida.
E é por isso que recomendo vivamente a quem também tem uma paixão pela Alemanha dar um pulo em Nova Petrópolis durante sua viagem à Serra Gaúcha. Muitos turistas acabam ficando presos demais no eixo Gramado-Canela e perdem uma oportunidade fantástica de conhecer outras cidades da região, que oferecem atrativos ímpares.
Em visita à Nova Petrópolis, minha esposa e eu estávamos acompanhados de mais dois casais de amigos que fizéramos na viagem: a Bia e o Nelson (do quais já falei aqui), juntamente com Masao e Rosângela, todos de São Paulo. Foram momentos deliciosos em uma tarde agradabilíssima de passeios, risadas e comilança, os quais compartilho aqui com prazer, especialmente para ajudar quem se pergunta o que fazer em Nova Petrópolis.
Índice
Conhecida como o ‘Jardim da Serra Gaúcha’, Nova Petrópolis dista de Gramado cerca de 30 minutos de carro. Ela é, sem dúvida, a mais ‘alemã’ das cidades da serra. Chegamos lá pouco depois do meio-dia e, como havíamos tomado um farto café da manhã, não havíamos almoçado. Como na época ainda não conhecíamos um café colonial, mas sabíamos que era lugar para ir com apetite voraz, escolhêramos Nova Petrópolis para isso. Um grande amigo havia me recomendado o restaurante Colina Verde.
Mas decidimos, antes, perambular pela cidade. E o cenário de arquitetura alemã me fascinou de imediato. Nova Petrópolis tem o mesmo ar calmo de Canela, transbordando tranquilidade. A cidade tem forte influência alemã – é comum, por exemplo, ouvir as pessoas na rua conversando em alemão em vez de português.
Havia uma paz que permeava o ar naquela tarde que, ainda hoje, quando lembro, me deixa muito nostálgico e com os olhos marejados. Para quem vive com barulheira, correria e falta de educação do cotidiano de São Paulo, o contraste do silêncio e da placidez é um choque.
Lindas e coloridas construções – muitas no charmoso estilo enxaimel – se exibiam à nossa frente, conforme caminhávamos pela Av. 15 de Novembro, no centro da cidade. Diversas lojas de malhas e tricôs chamavam a atenção pela delicadeza e singeleza de seus ambientes – é um comércio mais ‘inocente’, se é que é tal descrição é possível. Aqui e ali simpáticos cafés com mesinhas na calçada convidavam a momentos de relaxamento e boa conversa. E as sorveterias ajudavam a complementar o ‘ar interiorano’.
Na cidade vimos algo que não tínhamos visto em Gramado ou Canela: um shopping! A Galeria Imigrante, por fora, em nada lembra os suntuosos templos das compras de São Paulo, mas tem um charme único com – é claro – sua arquitetura alemã. Por dentro, não foge à regra de galerias de lojas de roupas e calçados. Mas há o detalhe dele abrigar o maior relógio cuco da América do Sul. Sem mencionar que os preços de malhas e lãs foram os melhores que já tínhamos encontrado. A Aline comprou uma blusa que, com a ajuda de uma fivela especial, podia se transformar em doze peças diferentes. Obviamente, bastou sair da loja e já não lembrávamos mais como fazer nenhuma delas.
Em funcionamento desde 1997, inúmeros turistas visitam a Galeria Imigrante, onde podem desfrutar de raros momentos de prazer e diversão.
Site: www.galeriaimigrante.com.br
Onde: Av. 15 de Novembro, 1883 – Centro – Nova Petrópolis/RS
Fone: (54) 3281-4124
Descendo um pouco a Av. 15 de Novembro, após o shopping, chegamos ao Parque Aldeia do Imigrante. É sem dúvida um dos lugares mais lindos de Nova Petrópolis. O parque é belíssimo, esbanjando verde para todos os lados. Você começa a caminhar por ele e se encanta a cada passo. Nós seis éramos os únicos ali naquela tarde, e o único ruído que ouvíamos era o farfalhar das árvores, que nos impingia um silêncio contemplativo. Sem perceber, falávamos em um tom de voz mais baixo, quase sussurrando, como que por receio de perturbar a calma que sentíamos no lugar.
No meio do parque há um lago plácido, que relaxa a mente e enche os olhos com sua beleza natural. As águas calmas, refletindo a vegetação ao redor, transmitiam uma sensação de paz e eternidade, como se o tempo ali não avançasse. Não havia pressa, não havia trânsito, não havia vozes. Somente o lago, as árvores, vento e nós.
Para quebrar esse encanto letárgico, bastou nos debruçarmos nas cercas que ladeiam o lago para que os peixes, muito mal-acostumados, se aprumarem nas margens, esperando migalhas.
Queríamos encontrar a Aldeia do Imigrante, que dá nome ao parque, mas não sabíamos qual caminho seguir. Afastei-me um pouco do grupo, procurando alguém que pudesse nos orientar. Encontrei um funcionário do parque que ajuntava as folhas secas caídas na grama com um rastelo. Era um senhor de meia-idade. Ele estava de costas e, ao ser virar para mim, seus profundos olhos azuis e as protuberantes maçãs avermelhadas do rosto me fizeram dar um passo para trás. “Ele não deve falar português” – pensei. E não falava. Perguntei-lhe a direção da Aldeia do Imigrante e vi o esforço que ele fez para me entender. Respondeu com um forte sotaque alemão (ou em alemão mesmo), e não entendi nada. Apenas agradeci e voltei ao grupo.
Para nossa sorte, estávamos perto. Contornando o lago vimos um caminho fechado pelas árvores que leva à aldeia.
A Aldeia do Imigrante é a réplica de um vilarejo alemão, onde as pequenas casas de colonos foram transformadas em museus.
Vale ressaltar que nem todas as casas podem ser visitadas. Por incrível que pareça, ainda há pessoas morando em algumas delas (e não estão abertas à visitação). Impossível sentar em um dos bancos da praça sem imaginar que o tempo não avançou naquele lugar.
Saímos do parque e subimos a avenida de volta.
Onde: Av 15 de Novembro, 1966 – Centro – Nova Petrópolis/RS
Fone: (54) 3281-1254
Chegando ao centro da cidade, fomos saudados pela bela Praça da República, mais conhecida como Praça das Flores – e que faz jus ao nome. É um largo e amplo espaço, cortado por caminhos perfeitamente ladeados por flores das mais diversas. Você se sente quase obrigado a escolher um banco, sentar e ficar apreciando a paisagem e o movimento. O esmero e cuidado com os detalhes e preservação da praça é algo que se nota de imediato, e enche o coração de satisfação.
A praça abriga também uma atração extra, especialmente para quem vai com crianças: o Labirinto Verde. É um labirinto circular feito de cerca viva onde você pode gastar alguns minutos ‘perdido’ lá dentro. Claro que eu não me contive e tive que experimentá-lo. É bom voltar a ser criança de vez em quando.
Ao redor da praça, sorveterias, lanchonetes e lojas oferecem aos visitantes todo os elementos necessários para um delicioso dolce far niente em Nova Petrópolis.
Após um tempo desfrutando da paz do lugar, deixamos a praça e seguimos pela Av. 15 de Novembro, em direção ao restaurante Colina Verde. Eram quase 17h e a fome, esquecida há horas, já estava incomodando o grupo.
Resolvemos então rumar para o tal Colina Verde que havia sido indicado por um amigo para experimentarmos um café colonial. Notamos, então, que a distância a pé seria complicada – teríamos que andar uns quatro quilômetros e atravessar a BR-116 para chegar ao lugar. Como já estávamos cansados e famintos, optamos por um táxi.
O motorista prontamente nos levou até o restaurante que, fazendo jus ao nome, fica no topo de uma colina. A visão lá de cima é de tirar o fôlego e ficamos todos parados ali por um momento, admirando o pôr-do-sol entre as araucárias e o vale verdejante lá embaixo.
Havia apenas um problema: o lugar estava fechado. Não tinha viva alma por ali. Esperamos alguns minutos quando uma moça sai lá de dentro, perguntando o que queríamos. “Viemos para o café colonial”, dissemos. “Mas…” – ela respondeu – “Não servimos café colonial há mais de três anos. Somos só um restaurante e fechamos às 14h.”
Um tanto desapontados, acabamos indo embora dali. Apesar de ainda não ter experimentado os pratos do Colina Verde, já vi excelentes comentários sobre ele, então, quando estiver em Nova Petrópolis, fica a dica para o almoço.
Site: www.restaurantecolinaverde.com
Onde: Rua Felippe Michaelsen, 160, Vila Olinda – Nova Petrópolis/RS
Fone: (54) 3281-1388
Fomos embora do Colina Verde e, a essa altura, famintos e sem rumo, não sabíamos o que fazer. O taxista, solícito, nos ajudou a encontrar um café colonial. Rodamos a cidade para, no fim, irmos a um lugar praticamente em frente ao Parque Aldeia do Imigrante: o Café Colonial Serra Verde.
Entramos e vimos que éramos as únicas pessoas ali. O lugar era simples, rústico, mas muito agradável. Nunca havíamos estado em um café colonial antes e prontamente o garçom, Paulo, veio nos atender e explicou como a coisa funcionava: você pagava um preço único por pessoa e eles traziam os pratos na mesa até você não aguentar mais. Verdes de fome, topamos na hora.
Mas por mais fome que se tenha, ninguém é páreo para um café colonial. Passaram-se alguns minutos quando o Paulo começou a nos servir. Vieram bules de leite, café e chá. Depois sucos. E uma jarra de vinho. E então picles e salsichas. E pastéis. E pães. E bolos. E tortas. E salgados. E carnes. E geleias. Ao todo são 70 variedades de pratos, o que beirava o absurdo. Comemos nababescamente até quase implorar pela eutanásia. E o Paulo se divertia nos olhando. Fomos embora andando com dificuldade.
E aqui vai uma dica: O preço por pessoa do Café Colonial Serra Verde sai muito menos do que qualquer outro em Gramado. Ele pode não ter o charme e estrutura de um Bela Vista, mas a comida é sensacional. Vá sem medo.
Site: www.jardimdaserragaucha.com/detalhes.php?id=80
Onde: Av. 15 de novembro, 3285 – Bairro Pousada da Neve – Nova Petrópolis/RS
Fone: (54) 3281-1966
Com a chegada da noite voltamos para Gramado. Cansados, refestelados e extremamente felizes. Falamos para o taxista que nos levou de volta à pousada: “Puxa, vocês comem demais aqui!”. E ele: “Não, vocês turistas é quem comem demais. Nós comemos o suficiente”. Podíamos ter passado sem essa.
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Adorei o texto. Belas fotos!