Como eu já publiquei aqui um texto com dicas para o Dia das Mães, não poderia deixar passar, obviamente, o Dia dos Pais em Gramado como uma homenagem do blog a todos os pais.
Escrevi este texto tendo meu pai em mente – mas imagino que muitos leitores acabarão se identificando e aproveitarão as dicas aqui para curtir Gramado ao lado de seus pais.
Apesar de ser filho de árabes, meu pai sempre teve uma paixão inexplicável pela Itália. Tudo o que se referia a esse país sempre lhe chamou a atenção. As paisagens, a gastronomia, os costumes, etc. Sempre que passava alguma reportagem sobre a Itália na televisão ele chamava minha mãe para assistir, dizendo: “Olha que lindo! Isso é que é país”!
Infelizmente, ele não teve a oportunidade de conhecer de perto o país que tanto admira. E hoje, com uma idade mais avançada, fica um pouco mais complicado.
Mas não é preciso cruzar oceanos para desfrutar dos prazeres da Itália. Basta dar um pulo em Gramado e em outras cidades da Serra Gaúcha para termos acesso à gastronomia, costumes e cultura típicos dos colonizadores italianos – praticamente intocados ao longo das décadas.
Conhecendo bem o meu pai, sei que ele se encantaria com as coisas mais simples e não tão ‘turísticas’ – grandes parques ou passeios prolongados não são de seu feitio. Mas a limpeza e organização de Gramado, por exemplo, chamariam sua atenção de imediato. Além da bela arquitetura da cidade, a primeira coisa que ele notaria é a educação dos gramadenses, as ruas limpas e sem papel jogado no chão. Isso é algo que ele sempre ressaltava ao falar sobre educação e que soube transmitir bem para mim e meus irmãos.
Por isso, uma caminhada pelas ruas de Gramado seria um dos principais passeios a ser feito com meu pai. Não apenas na bela Av. Borges de Medeiros, mas também em ruas mais simples e singelas. Andaríamos devagar, sem destino definido, e eu deixaria que a própria cidade o encantasse – como me encantou na primeira vez em que lá estive. Eu deixaria que ele notasse a beleza, a calma e a tranquilidade de Gramado. Vez o outra, eu o interromperia para apontar algum detalhe que possa ter passado despercebido: “Pai, você viu isso?” ou “Pai, olha aquele prédio!”
Um homem simples e sem frescuras, meu pai não se impressiona com ambientes luxuosos e requintados. Fondues e restaurantes mais elegantes não lhe atraem. Mas uma boa cantina, em ambiente rústico, o deixaria extremamente feliz. O prato? Nada mais sofisticado do que um nhoque. E, claro, vinho!
Para apreciar melhor a beleza de Gramado com meu pai, faríamos uma parada na Praça Major Nicoletti. Lugar perfeito para sentar e olhar o movimento enquanto relaxamos tranquilamente. Mais uma vez, eu o deixaria observar e apreciar tudo em silêncio, para que a cidade ‘conversasse’ com ele. Obviamente, ele chamaria minha atenção para detalhes que eu já conheço, mas fingiria surpresa e me encantaria novamente com as mesmas coisas, só por estar ao lado dele.
Apreciador de uma boa cerveja, meu pai não se importaria em parar em algum restaurante ali na Rua Coberta para provar uma Rasen Bier (rasenbier.com.br), a famosa ‘cerveja de Gramado’. Conhecendo o gosto dele, optaria pela dunkel ou ambar ale, que são cervejas mais escuras.
E para saciar um pouco a paixão do meu pai pela Itália, daria um pulo com ele na Casa do Colono, para que ele pudesse experimentar diversos produtos originários das colônias italiana, alemã e portuguesa. O aroma de pães, cucas, salames, queijos, vinhos coloniais, geleias e outras iguarias com certeza fariam a alegria dele. Sem mencionar a possibilidade de conversar com o pessoal da colônia, sentindo aquele atendimento acolhedor que dispensam aos clientes e turistas, bem como o delicioso sotaque típico.
O contato com a natureza exuberante também é um grande atrativo para o meu pai. Por isso, uma visita ao Lago Negro ou uma parada para apreciar o Vale do Quilombo o deixariam maravilhado. Consigo imaginar a expressão no rosto dele, franzindo a testa e encolhendo o nariz, fazendo uma ‘careta’ de quem está analisando algo – só quem o conhece sabe que essa é sua forma de expressar o espanto e encantamento.
Eu terminaria esse Dias dos Pais em Gramado com meu pai tomando um café tranquilo. O lugar necessariamente não importa – seja na Casa da Velha Bruxa, no Josephina, na loja da Caracol Chocolates ou em algum ponto menos conhecido, a ideia seria apenas sentar tranquilamente com ele, pedir um café e algum doce irresistível e aproveitar a noite para conversar. Afinal, tudo o que importa é realmente ver a expressão de encantamento nos olhos do meu pai e saber que ele teve um dia realmente mágico.
É claro que uma ida ao Vale dos Vinhedos em Bento Gonçalves, andar de Maria Fumaça ou visitar o interior de Gramado completariam a magia de transportar meu pai para a Itália. Mas neste texto estou descrevendo um único dia: o Dia dos Pais. E uma forma de passar bons momentos com meu pai durante 24 horas.
Não são todas as pessoas que podem passar o Dia dos Pais com seus pais. Para muitos, o que resta é apenas lembrança e saudade. Por isso, se você ainda tem essa oportunidade, leve seu pai para conhecer Gramado. Deixe que a cidade o encante. Deixe que a arquitetura, as paisagens, a população, os cheiros e as cores encham o coração dele de alegria. Esses momentos ficarão para sempre na sua memória.
E enquanto ele estiver encantado com cada detalhe, cada objeto, cada casa, olha bem nos olhos dele e, mesmo que você não pronuncie as palavras, ele entenderá o que você quer dizer: “Eu te amo”.
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